Eu não sou um personagem do blog
18 de outubro de 2025
Um homem que procurava um conto erótico e não um encontro verdadeiro.
Meus amores, estão preparados para as reflexões? Pois bem. Fiz um encontro ontem que a princípio parecia que estava ocorrendo bem. Muitas vezes, quando estamos envolvidas no atendimento não percebemos as nuances da outra pessoa, pois eu estava entregue, como sempre estou. Uma mulher real vivendo um encontro real. Mas ele não - ele estava vivendo a fantasia! -, enquanto eu procurava sentir cada parte daquele momento, ele estava performando. Na verdade, o desejo dele mais profundo era virar um texto no blog.
“Mas meu Deus, Sol Rara, o que aconteceu nesse encontro? Como você chegou a essas conclusões?”
Cheguei a essas conclusões porque sou muito esperta e sagaz, saco as coisas muito rápido. Quando ele me contatou no WhatsApp, não parava de me fazer perguntas. Ele queria seguir um roteiro fixo na cabeça de como seria o encontro. Na hora, só achei ele chato e pensei se ia atendê-lo. Até que decidi que sim e fui encontrá-lo no dia seguinte. Já no começo do encontro ele disse que leu t-o-d-o-s os textos do meu blog e que ficou pensando se seria um. Depois, disse que “achava que eu já ia chegar pelada e com muita atitude”, mas nos meus próprios textos eu mostro que os meus encontros são baseados na troca e não em uma performance programada. Ah, ele tinha fantasiado muito a Sol Rara. Ele não me leu tentando sentir as minhas palavras, mas achando que eu seria uma máquina que iria satisfazer todos os desejos dele. Seguimos.
Eis que na hora do sexo e da meteção, ele não consegue me provocar prazer. Eu digo para ele como eu gosto que me toque e ele nem se importa, quis fazer o que bem entendesse. Mesmo assim, existiu vários momentos no encontro em que eu estava gostando, mas ele repetia “eu acho que você está odiando” e isso não fazia sentido algum porque mesmo que ele não estivesse fazendo coisas que eu já havia dito que gostava, eu ainda assim estava sentindo algum prazer. Esse cara era inseguro e imaturo.
Até que depois de meter em várias posições (e eu estar gostando, sim) ele me olha e diz “não vai rolar”. Agora veio o desfecho: depois disso ele me ignora completamente e me menospreza, e eu só digo “isso nunca me aconteceu antes” e saio. Desço as escadas na frente dele e ele me diz um boa noite seco. Eu bloqueio do WhatsApp o contato dele assim que saio do quarto. Acho a atitude dele de uma frieza e imaturidade muito grande.
O que eu entendi disso?
Esse cara estava inseguro com a sua própria performance. Ele queria me fazer gozar e ser especial. Ele queria ser o “próximo texto a ser escrito no blog”. Ele queria que eu tivesse tanta satisfação com ele ao ponto de escrevê-lo. Ele queria sair com a Sol que ele criou na fantasia dele, não a Sol que é uma mulher real, com autenticidade, desejos, vontades e limites. Quando leu os meus relatos, ao invés de se sentir sensibilizado, ele me desumanizou, imaginando que eu era uma máquina de prazer e não uma mulher que vive os encontros e relata isso como experiência no blog. Ele pensou que os meus encontros tinham um roteiro fixo e que ele precisava estar nesse roteiro. Ele não estava preocupado em nenhum momento em me sentir de verdade, em entender o meu prazer, em me descobrir. Eu estava verdadeira para ele, mas ele queria viver a fantasia que criou. Ele queria ser “o melhor texto” e "o mais marcante” por puro ego e vaidade e não percebeu que assim ele mesmo fez um encontro que não foi bom para os dois.
Eu não sou um personagem do blog. Eu sou uma mulher real, com desejos reais e ritmo próprio. Não é com um “oi” que eu já fico molhada e gozo. Preciso ser tocada e apreciada como qualquer mulher para conseguir chegar lá. Não faço encontros mecânicos nem finjo coisas, tudo que sinto ali no quarto é real. Muitas vezes quando vamos conhecer um autor de um livro que gostamos muito projetamos nele as nossas sombras. Não estamos curiosos em conhecê-lo, mas, sim, queremos que ele se encaixe na nossa fantasia. E aí nos decepcionamos feio porque as pessoas são reais na vida. Pode parecer que o escrevo é perfeito, mas isso é só para os distraídos, pois sempre relato também as partes contraditórias de cada encontro. A vida em si é contraditória, por que as pessoas não seriam?
Por pura imaturidade ele saiu fingindo que nada disso tinha acontecido. Nunca saí com um cliente que me menosprezou, sempre houve um respeito mútuo e uma cordialidade. Mesmo com aquele relato anterior do encontro que não foi bom, nós ainda nos respeitamos e saímos bem um com o outro. Isso é o mínimo de respeito com um profissional que está prestando um serviço para você. Vamos lembrar que o que eu faço é o meu trabalho e eu sou uma prestadora de serviço, mereço respeito, independentemente do que rolou. Mas por puro orgulho, ele se calou, acho que na tentativa de eu me culpar e fazer a narrativa ser devolvida para ele. Ele até tentou barganhar, perguntando se eu queria que ele me deixasse em algum lugar, depois que viu que eu me calei também. Eu disse que não e preservei a minha dignidade. Eu sabia que o que aquele homem estava fazendo comigo não era certo, que ele estava sendo muito covarde, que ele resumiu o encontro a gozar (e a me fazer gozar) e como não conseguiu nenhum dos dois, me descartou como se eu não fosse nada, como se tudo que a gente conversou antes não tivesse valido. Isso, para uma mulher, é muito triste de sentir, pois nos entregamos de verdade naquele momento. Ser tratada assim é doloroso para a nossa autoestima, mas quando cheguei em casa, refleti e vi que o problema não estava em mim. Eu não sou uma atriz, eu sou uma acompanhante que gosta de viver os encontros. Meus atendimentos dependem de conexão e não de um script a ser seguido. Se eu seguisse o mesmo roteiro, garanto que já tinha me enjoado de trabalhar com isso. O legal é poder sentir cada pessoa que vem até mim de um jeito único. E ser descoberta por ela de um jeito único também.
Homens que leem os meus textos para se excitar e se projetar vão ser decepcionados quando me conhecerem. De novo: eu não sou um personagem do blog. Eu sou uma mulher de verdade que gosta de escrever sobre alguns encontros que vive. Não venha com a expectativa de que você pode ser o próximo texto, venha querendo conhecer a mulher que eu sou. Eu não quero ser uma extensão do ego de ninguém nem validar as projeções dos outros. Quero homens que estão interessados na Sol Rara, não na persona que escreve.
O prazer, gente, não acontece como em um conto. O prazer é uma troca e se você não está disposto a trocar, o encontro não vai ser bom. Performance não é comigo. Meus encontros são sinceros e por isso deliciosos.
Muitas vezes eu vivo encontros maravilhosos, mas eles não viram relatos para o blog, porque nem todos precisam virar. Tem encontros que só ficam comigo e eu gosto desse espaço meu.
Não venha querendo ser o cara ideal para mim porque você pode se frustrar nessa. Venha querendo viver o momento de forma real.
Meus encontros não são uma cena escrita, são uma experiência vivida.










