O dia em que eu fiz um job no bar

17 de abril de 2025

Era terça de carnaval - e eu estava muito fogosa.


Havia alguns anos que eu pulava de ir nos bloquinhos. Sim, pulava. Inventava de fazer outra coisa e mal me sobrava tempo para cair na folia. Não era mais uma prioridade na minha vida. Quando eu era adolescente, era uma festa só pensar que eu passaria ao menos três dias dançando sem parar. Amo dançar e amo carnaval, mas hoje, com outras prioridades, acabo não indo para os bloquinhos. Mas esse ano pensei: o carnaval de 2025 será diferente e eu vou curtir! Então enviei uma mensagem para um amigo que gosto muito dizendo que tinha visto um bloco de Reggaeton, que parecia bastante promissor. Ele topou, mas antes disse que levaria mais dois amigos juntos. Aceitei a ideia e pensei: quanto mais amigos, melhor fica, pois vamos curtir todos juntos!


Ahhh... ledo engano. Mas seguimos.


Estava tão animada para curtir o carnaval que comprei uma blusinha toda cheia de lantejoula só para essa ocasião. Eu realmente queria ir bonita e estava ensaiando a make que faria. Até que o tão espero dia chegou, me arrumei e saí de casa. Combinei de encontrar com meu amigo no metrô, e chegando lá, os outros dois amigos dele não estavam presentes. Meu amigo disse que eles demorariam um pouco, então sugeriu da gente caminhar já para o bloco. Chegamos no bloquinho e os amigos foram chegando. Eu mal sabia, mas a minha primeira decepção do dia foi me dar conta de que o bloquinho era bem xoxo. Não gostei das músicas, sabe? Esperava uma vibe mais de brasilidade, remix e músicas com mais letras do que batida, para eu poder cantar. Aquele tipo de ragga que estava tocando não era o mesmo que eu curtia e isso me decepcionou bastante. Mas pensei: já que eu estou aqui, vou tentar curtir o que der.


O bloco continuava sem graça, pelos menos para mim, mas eu tentava dançar algumas músicas enquanto bebia uma cerveja. Nisso, um dos amigos do meu amigo puxou assunto comigo. Ele queria me conhecer mais e ali eu estava vendo o interesse dele por mim. Até que ele pediu para ficar comigo, mas eu não quis, achei ele bem sem sal. E uma coisa estava me incomodando...


É normal que quando estamos em grupo em algum rolê, dividimos as comidas, água... mas no caso desse cara, tudo o que eu comprava, ele pegava, sem ao menos me pedir. Eu comprei várias coisinhas para ir comendo ao longo do bloco e ele sugeriu de levar a sacola para mim. Achei que aquilo era um cavalheirismo da parte dele, mas na verdade ele só estava tentando não passar fome. Inclusive, ele foi o único que não comprou nada para si nem para dividir, no máximo comprou duas cervejas. Fiquei chateada com isso, odeio saber que alguém está se aproveitando de mim e não está sendo sincero. Não havia a menor possibilidade de eu dar uma chance para ele, especialmente porque estava bem brava com a atitude dele.


Até que houve uma situação que foi a gota d'água - literalmente. O grupo foi usar o banheiro do bar, eu também usei e na volta pedi para o garçom encher gentilmente a minha garrafinha. Depois disso, com a garrafinha enchida, eu pedi em algum momento para o cara mala segurar minha garrafinha, acho que fui prender meu cabelo. E não é que ele tomou TODA minha água? Gente, juro, ele só deixou um resto! Nossa, que cara idiota! Fiquei muito triste com essa atitude mesquinha dele, sabe? Será que ele não tinha cinco reais para tomar uma água? Ou está acostumado a ser um folgado sempre com mulheres? Porque ele não pegava nada dos outros dois amigos, somente de mim.


Fiquei com bastante raiva e o climão se instaurou. Ele e todo o grupo havia percebido que eu estava bem brava, apesar de eu não dizer uma palavra (sou muito expressiva), o cara também ficou chateado, acho que porque eu não dei mais nenhuma moral para ele, fiquei bem séria. Por fim, o bloco acabou e eu agradeci, já estava me aprontando para ir embora e nunca mais ver esse cara na minha vida, até que meu amigo teve a brilhante ideia de fazer um after no bar. Eu estava visivelmente exausta e não fingi costume, disse que ia para casa.


Antes de ir, vocês acreditam que esse cara pediu a minha garrafinha para beber? Eu já havia comprado outra e ele perguntou se eu ainda ia beber a água que tinha nela... gente! É óbvio que eu ia, né? Fiquei com tanta raiva disso que eu falei, bem brava e firme "pega para você", e me despedi de todos sem olhar para trás.


No caminho, eu chorei um pouco me questionando sobre a minha própria identidade. Quando eu tinha 17 anos, ir para um bloco de carnaval significava pura diversão para mim, e, agora, era só desencontros. Parecia que eu não me reconhecia mais como alguém que gosta de bloquinhos, entendem? Já não é o primeiro carnaval que eu tento ir para um bloquinho e me decepciono, não gosto, quero voltar para casa... quem sabe isso realmente mudou para mim e eu preciso aceitar que a maturidade traz novos gostos? Mas nesse dia, eu estava triste por aquela Sol que gostava de blocos ter morrido. Sou bastante melancólica e nostálgica e nesse dia meus nervos estavam a flor de pele.


Eu desci do ônibus, mas não queria voltar para casa. Eu queria esquecer desse dia e dessa sensação ruim que eu estava sentindo. Então, em um impulso, entrei em um bar e pedi uma cerveja. Eu era a única mulher ali e me sentia poderosa e livre. Estava assistindo a apuração das escolas de samba enquanto bebia e, bebendo, fui ficando alegrinha. Tão alegrinha que comecei a fazer uni-duni-tê mentalmente, brincando, pensando: qual cara aqui é mais propenso a pagar meu programa?


E um fogo foi subindo, e eu fui ficando com muita vontade de realizar isso. De repente um moço manda umas mandiocas fritas para minha mesa e é aí que eu tenho a confirmação: quem vai pagar o meu programa é ele.


Fui para o banheiro e quando eu volto, ele pede para eu sentar na mesa que ele estava. Eu vou toda feliz, já pensando no que eu iria propor para ele.


Conversa vai, conversa vem e nada dele me perguntar o que eu fazia da vida. Até que eu mesma me adianto:


- Você sabe do que trabalho?

- Não faço a mínima ideia.

- Eu sou acompanhante.

- Sério? E quanto você cobra?


Ali eu vi o quanto ele já estava ficando interessado. Depois disso, ele demorou um pouco para dar a cartada final, mas então me sugeriu da gente ir para a casa dele. Aceitei, pois era bem próxima da minha casa. Entrei no carro dele e ele me pagou. Chegamos na sua casa, que era bem grande e cheia de carros, pois ele trabalhava com isso. Fomos para a cozinha e ele queria ficar conversando mais, só que já estávamos há mais de duas horas conversando, eu só queria transar logo e ir para minha casa, já que estava bem exausta. Sugeri da gente ir para a cama e fui tirando minha roupa. Ele veio por cima de mim, tirou a roupa e me chupou. Não durou nem dois minutos me chupando e pediu para me penetrar. Ele colocou a camisinha, eu virei de quatro e quando eu estava começando a sentir prazer... ele gozou. Foi a gozada mais rápida da minha vida, durou pouquíssimos segundos. Ele era um senhor de 63 anos.


Quando terminamos, ele me agradeceu, disse que foi muito bom para ele e que havia muito tempo que ele não tinha um prazer assim. Fiquei feliz com isso. Fomos para a cozinha e ele queria conversar mais. Já estava há um tempão conversando com ele e a hora do meu programa já havia acabado, então falei para ele que eu precisava ir. Ele ficou bem bravo. Disse que eu era muito profissional, mas que eu deveria ser menos (?). Sim, ele queria ficar conversando a noite toda comigo, mesmo só tendo pagado uma hora de programa.


Então teve um momento que ele disse assim "eu nem deveria levar você para a casa". Ele havia combinado que me levaria ao final do encontro. Eu que fiquei brava depois disso, disse assim "abre o portão agora que eu vou ir embora sozinha" firme, quase gritando. Ele ficou em choque com a minha reação, se desculpou, e disse que era ótimo que eu fosse profissional (?)


No caminho para a minha casa, ele ficou dizendo que nunca mais me contrataria. E depois que eu falava "ok", ele dizia que ia me contratar de novo com toda certeza (?). Falei para ele o quanto ele era inconsistente e incoerente. Acho que ele estava um pouco bêbado ainda.


Quando cheguei em casa, fiquei pensando em tudo que aconteceu nesse dia e de como ele tinha acabado. E decidi que se esse homem me procurasse de novo, eu não atenderia mais ele, porque ele foi muito inconsistente e me trouxe bastante insegura. Então alguns dias depois ele me enviou uma mensagem, querendo me encontrar novamente e eu recusei, dizendo a verdade para ele, que ele não me passava segurança. Ele me pediu desculpas e colocou a culpa na bebida. Não me procurou mais.


Aí vocês podem estar se perguntando "mas, Sol, você não ficou com medo dele?". E a resposta é não, não fiquei. Já vivi muitas coisas na minha vida e sei lidar com situações que colocam minha segurança em risco. Aliás, eu até gosto de sentir um nível de risco, né? Porque foi euzinha que procurei isso. Eu queria ter essa experiência de fazer um job no bar. Quem sabe eu faça em outro lugar inusitado?

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