Sobre amar o meu trabalho

13 de junho de 2025

Passou o dia dos namorados e eu fiquei pensando no quanto eu queria falar sobre amor. Não um amor por uma pessoa, mas um amor por um ideal, um amor por um ofício, um amor pelo meu trabalho.


Já tive muitos empregos na minha curta vida. Comecei a trabalhar desde os quatorze anos, passei por vários empregos insalubres, também passei por várias escolas. Já trabalhei com todas as faixas etárias. Trabalhei por muito tempo com crianças e sobre crianças, em empregos que tinham como temática o infantil. Não é curioso que agora eu trabalhe com o público adulto fazendo coisa de adulta? rs. Brincadeiras à parte, amar as coisas sempre foi um fator para mim. Sempre precisei amar as coisas, o que eu fazia, as pessoas. Eu podia não gostar totalmente dos trabalhos que eu exercia, mas eu encontrava um punhado de algo que eu gostasse muito e começava a me permitir amar aquilo. E as coisas ficavam mais leves.


Na escola, eu amava as crianças. Amava dividir o dia com elas, as brincadeiras que fazíamos, a intimidade que tínhamos (sempre fui uma prof descolada), o ensinar e como elas aprendiam comigo. Mas eu odiava a escola, a gestão, a competição entre os professores, os pais que muitas vezes não eram presentes na vida daquelas crianças... A verdade era que a escola me sugava por completo e eu aguentava por um fiasco: pelo amor pelas crianças. Mas, chegou um dia que esse amor não me bastou mais. Eu comecei a ficar pesada e não sobrava energia nem para mim mesma. Foi aí que vi que tinha que fazer uma escolha, a de sair da escola.


E isso deu espaço para o trabalho com o sexo surgir na minha vida. Nunca, em hipótese alguma, eu imaginei trabalhar com sexo. Se alguém, no ano passado, nesse mesmo mês de maio, me falasse assim "olha, no ano que vem você vai começar a fazer programas e vai adorar" eu diria para a pessoa "você é louca? mas nunca!". A vida, meus caros, surpreende a gente em suas infinitas possibilidades. Cá estou eu, dissertando um texto sobre o amor pelo meu trabalho. E eu nem comecei a dissertar...


Não foi do dia para a noite que eu comecei a amar trabalhar com sexo, mas assim que eu me permiti a trabalhar com isso, eu comecei a sentir coisas que nunca tinha sentido na vida. Além de começar a gozar trabalhando com isso, eu comecei a me sentir mais inteira, mais forte, mais bonita, mais mulher. Fui me desafiando a transar com desconhecidos enquanto o meu corpo me sabotava, dizendo que o sexo não era para mim. A impressão que meu corpo registrou sobre o sexo, devido ao abuso que sofri, é de que sexo é doloroso, é feio, é errado. Eu era proibida de experimentar o sexo pela minha própria mente. As marcas do abuso fincaram o meu corpo e, toda vez que alguém se aproximava de mim, parecia que seria para me abusar, de novo, de novo, de novo...


Eu já faço terapia há muitos anos. Mas as marcas do abuso não iam embora. Meu corpo rememorava. Então eu tomei uma atitude radical, que muitos poderiam julgar como louca: tive a grande ideia de começar a cobrar para transar comigo. Será que assim eu ia conseguir? Eu ficava pensando...


Então eu comecei a conseguir. Uma, duas, três vezes... comecei a gozar com homens que nunca tinha visto na minha vida. Comecei a dar prazer para eles, a me sentir capaz de dar prazer e também de sentir prazer. E então eu fui me sentindo inteira, como se aquela parte que eu perdi devido ao abuso, fosse me encontrando novamente. O sexo era para mim. Eu seria feliz no sexo. Eu iria me divertir muito, gozar muito, brincar muito. E ainda ganharia dinheiro com isso.


Ao passo que cada atendimento ia passando, fui amando cada vez mais o que eu estava construindo para mim. Amando quem eu estava sendo. Amando o que eu estava fazendo para me sentir melhor. Amando o meu corpo, a minha aparência, o fato de ser quem eu sou. Amando a minha história e honrando ela. 


Hoje, depois de tantas decepções em vários trabalhos, já posso dizer que encontrei um trabalho que eu amo. Esse trabalho que me cura de certa forma todos os dias. Esse trabalho que tem um significado imenso para mim. Eu, que já tenho mania de amar as coisas, com esse trabalho não tive dificuldade alguma para não amar.


Sei que pode parecer muita utopia eu dizer que amo trabalhar com isso, mas eu estou sendo verdadeira e ser verdadeira às vezes choca.


Sabe uma coisa que percebi? Que eu estou muito mais madura nesse trabalho agora do que quando comecei. Agora me sinto mais segura, mais confiante, mais à vontade. Ainda sinto um frio na barriga quando vou encontrar os clientes, mas é um frio de adrenalina, que se dissipa depois que eu lembro que sou capaz de sentir e de dar prazer. Agora eu tenho me sentido realmente uma profissional do sexo, que sabe o que faz rs e tenho ouvido por aí que sou uma ótima profissional. Isso deixa o meu coração preenchido e com a certeza de que estou no caminho certo.


Eu sou uma pessoa piegas por natureza, sinto as coisas com toda sensibilidade do meu interior, quero e busco na verdade essa sensibilidade. Sou humana e me permito ser. Então, não tenho vergonha alguma de admitir que amo meu trabalho, que amo com toda verdade, com toda história que tive para chegar até aqui. E é só o começo.


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